segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Chiloe - A ilha mais incomum do Chile.

Desbravando Chiloé

Somos movidos à inspiração e não tem inspiração maior pra nós que livros. E foi assim que descobrimos Chiloé, através do livro "El Cuaderno de Maya" de Isabel Allende. Através da narrativa da autora, percebemos que Chiloé além de ter uma paisagem exuberante, tinha história e estórias. E isso foi o estopim para iniciarmos as pesquisas. A capital da Ilha Grande (como é chamada pelos chilenos) é Castro. E foi o lugar que escolhemos para iniciar nossa jornada por esse recanto chileno, uma cidade à beira mar, com lindos palafitos e muitas lendas. 
O Misticismo Chilote envolve a presença de personagens míticos como Trauco, Bruxos e a Poderosa Pincoya marcando o cotidiano e adornando a vida da comunidade com magia e tradições peculiares. A música, a dança e a gastronomia andam de mãos dadas com seu Patrimônio Cultural. Por falar em patrimônio... As igrejas são a cereja do bolo, legado da colonização jesuíta, são as únicas do planeta em formato de barco. Seu teto é feito da mesma forma que se construía as embarcações da ilha e claro com o mesmo material... A madeira! A madeira é a fonte de vida chilote, junto ao mar regem a economia do arquipélago.
Para chegar em Chiloé saindo do Brasil:
Pegamos um voo - RioXPuertoMontt com escala em Santiago. Existe um aeroporto pequeno em Castro mas optamos por ir de ônibus e atravessar para a ilha de ferry. E não nos arrependemos, foi uma jornada mágica! A passagem de ônibus custa cerca de 6.000 pesos chilenos o trecho, algo como 50 reais. O ônibus vai parando pelo caminho, com entra e sai de passageiros em cada rodoviária (pra quem gosta de observar a vida local como eu, um prato cheio). Depois de cerca de 4 horas de viagem lá chegamos... Castro! 

Dessa vez fomos acompanhados da nossa mini aventureira, a Nina, que curtiu cada pedacinho da viagem. Chegamos à noite e a surpresa foi o táxi. Que taxi? Aqui é coletivo! E começou a aventura. A verdade é que Castro pode ser feita toda à pé, mas como chegamos tarde, cansados e com mochilas, não queríamos quebrar a cabeça com GPS.

Nossa escolha para hospedagem foi o Palafitos Hostel, ficamos em um quarto privado com banheiro e vista para o Rio Gamboa. Excelente custo X benefício, localização, atendimento e fora que é um charme a hospedagem. 

Deixamos pra desbravar a cidade no dia seguinte...
E pela manhã nosso primeiro encontro foi com a exposição:
Arte Mito - Los seres mágicos llegan a la ciudad
A exposição trata dos seres mitológicos da ilha, a nossa Nina ficou encantada! Ok, confesso todos nós ficamos maravilhados... 


Dentre os mitos de Chiloé os que mais se destacam são o Trauco, a Pincoya e Coo. Uma cidade que conta com um dicionário de bruxarias, onde as lojas vendem caldeirões e os cemitérios são mais protegidos do que as casas...
Um pouco mais sobre as lendas:
O Trauco, era um anjo que visitava à terra para se enamorar com mortais. Um dia Deus descobriu e o transformou em um ser bizarro, sem pernas e fadado a vagar pela Terra. Durante à noite ele entrava nos sonhos das moças e as seduziam, muitas ficavam grávidas após esse maligno encontro. 

A Pincoya, especie de metade mulher, metade peixe que vive no mar. Quando ela aparece de costas para o Mar é sinal de fartura na pesca, quando ela aparece de costas para a Terra é sinal de tempos difíceis para a comunidade. 
O Coo, seria algo como uma coruja. O Coo é a ave espiã dos bruxos. Quando um Coo se aproxima é sinal que o bruxo tem interesse na vida daquela pessoa. 

Bem vindos à nossa passagem pela Região dos Lagos Chilenos. Acompanhem os próximos capítulos e entenda porquê Chiloé é fonte de inspiração para artistas e viajantes de todo mundo.
Arruma as malas e vem com a gente!