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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Circulando Por Casablanca


Circulando por Casablanca

Casablanca é uma grande cidade, muitos carros, outdoors. Sentimos aquela sensação de anos 90, com certeza a modernidade esta vindo de bonde... Mas a grande diferença esta no povo. O homem marroquino não anda de camiseta e tênis (salvo alguns jovens), as roupas são do estilo... “Achei no Brechó, viu o defunto não era menor” e as mulheres... Nossa elas flutuam com as burkas (apenas a face exposta, outras nem isso), elas andam em bando, sempre com muitas crianças faladeiras ao redor, são super-reservadas, e olham pra nós com aquela curiosidade de... “Será que morde?”. 

A verdade é que o período em que estive no Marrocos, senti que estava em um universo paralelo. Hoje compreendo certas coisas que não consegui entender enquanto estive lá.

Acho que maior lição que aprendi foi que a cultura é variável, temos que aceitar as diferenças e tolerar as manias do anfitrião. Então amigos, descobri que cai de paraquedas em terras Marroquinas no período do Ramadã. E isso me causou alguns transtornos no decorrer desta viagem.
Ramadã, também grafado Ramadan (em árabe رَمَضَان) é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam, صَوْم), o quarto dos cinco pilares do Islão (arkan al-Islam);
A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo fato do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano.
Neste período, é um tempo de renovação da , da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correção pessoal e autodomínio.
É o único mês mencionado pelo nome, por Deus, no Alcorão.
Com isso, os marroquinos ficam todo o dia em jejum, não trabalham, não bebem água, até o sol se pôr. Detalhe: O Sol se põe às oito horas da noite. Na minha ignorância ansiosa pelas medinas, souks e mercados, fiquei indignada com tal prática. Hoje vejo a experiência impar que vivi, de estar em um período sagrado, de peregrinações e de grandes encontros com Alah (Deus).

De Casablanca a Fes fui descobrindo as cores do Marrocos, os cheios e a vibração. Rodar o mundo é encontrar Deus. Acho que em cada viagem, tenho uma renovação deste encontro... A Pluralidade Cultural do Ser Humano é seu maior tesouro.

Voltando a Casablanca, o primeiro lugar que fomos... O Hotel Clássico, emblemático de Casablanca. Onde os atores ficaram hospedados durante o processo de pesquisa do filme.

Detalhe: Casablanca foi todo filmado em Hollywood. Todos os cenários eram réplicas.
Antes que vocês me perguntem, não foi bomba! Foi o tempo... Falta de manutenção. O prédio é importante pra nós ocidentais, não pra eles marroquinos. Foi impactante perceber isso!
 Em frente às ruínas do hotel, tem a replica do Rick Café. Um charme!

Entramos no mercado... O cheiro, as cores, o falatório, o pescado... Simplesmente perfeito!





Quer conhecer o povo de verdade, veja como ele come e foi isso que fizemos em Casablanca. Nunca vi tanta variedade de frutas e verduras, todas lindas cheirosas. Outro lugar que amei foi a Medina, organizada, bonita, arquitetada perto do centro administrativo. As telas expostas, os tecidos, os tapetes... Veio na mente Sherazade e Suas Histórias das Mil e Uma Noites - minha princesa predileta.
Sobre Sherazade:
Schahriar, rei da Pérsia, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-la e resolveu passar cada noite com uma mulher diferente, que mandava degolar na manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto que despertou o interesse do rei em ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma noites e foi poupada da morte.
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: A liberdade se conquista com o exercício da criatividade.

A praia – Muito diferente da nossa, cheia de pedras, o mar é escuro, violento, forte e selvagem. Vi algumas mulheres de burka caminhando pela areia, a cena é linda e surreal.



Quando penso em Casablanca, penso na Mesquita Hassan II... 

Enorme, desafiando o mar, seus mosaicos, seus portais, sua torre. É indescritível a visão, não nos cansamos de admirar e de caminhar por seus arcos, de agradecer a Deus por aquele momento.
 
Volto a repetir Deus esta vivo na CULTURA! 

Nas mãos que constroem os templos, nos arquitetos, nos pintores, nos músicos, nos bailarinos, nos artistas. Penso nas grandes obras dos homens como a Sagrada Família de Gaudí ou nos Azulejos da Pampulha feitos por Portinari. Deus esta sempre no coração de quem se entrega com paixão... E quer entrega maior do que esta?

Mas Deus também esta nas mãos de quem cozinha... Não tem como falar do Marrocos e deixar de lado a gastronomia marroquina... Divina!
Mas deixo isso para uma próxima postagem...
Hasta!