A cada dia o calor parecia aumentar no Marrocos, o vapor era
tanto que quando tirava os óculos escuros, não conseguia manter os olhos
abertos. Estávamos a caminho de Meknès, a cidade cercada por uma grande muralha
e com o maior portal da África do Norte.
Posso dizer que em Meknès vivemos os legítimos costumes
marroquinos, entramos nos souks, passeamos pelo mercado, nos purificamos na
mesquita e admiramos o vai e vem das pessoas por detrás das muralhas. Vimos
crianças soltando pipas, belas mulheres fazendo compras pela medina e os
turistas tentando barganhar com os vendedores as especiarias marroquinas.
Logo na chegada da cidade, vislumbramos o Lago Agdal —
Reservatório de água construído por Moulay Ismail para irrigar os jardins e
hortas de Meknès e depósito de água da Almedina. Tem 319 por 149 metros e mais
de dois metros de profundidade.
Por falar de água... Nunca, jamais tome água sem ser
mineral, tem que ser de garrafinha mesmo! Verifique se a garrafa esta lacrada.
Nós tomamos muito cuidado com isso, pois todas as resenhas sobre os países
africanos aconselham sempre lavar muito as frutas antes de consumi-las e ter
muita cautela com a água. Entretanto esquecemos um detalhe básico: O GELO! Eu e
Renato somos dois cervejeiros de plantão, mas cerveja tem que ser gelada,
russinha de preferência! Mas no Marrocos eles têm como costume servir a cerveja
quente. Imaginem... Calor e cerveja quente definitivamente não combinam. Então
muito gelo na Casablanca (cerveja local) – Resultado... Deixo para a próxima
postagem!
Em Meknès nos deparamos com o grande portal,
Bab Mansour el Aleuj — porta monumental da cidade imperial, construída
em 1732. É uma das mais belas obras de Moulay Ismail, e uma a porta mais
imponente de Marrocos, senão mesmo da África do Norte. Sentimos a energia que vem da cidade, diferente das outras que passamos. Meknès
é poderosa, densa e sentimos a presença do Espírito Tuareg.
Os tuaregues são um grupo étnico da região do Saara que
falam uma língua berber. Eles chamam-se a si próprios Kel Tamasheq ou Kel
Tamajaq "falantes de Tamasheq", e também Imouhar, Imuhagh, ou
Imashaghen "os livres". A palavra árabe "Tuareg" significa
"abandonados pelos deuses".
Um pouco da história de Meknès para entender a energia que
emana da cidade:
Moulay Ismail é a alma da cidade, o sultão conhecido pelas barbáries. Entretanto, a origem de Meknès é mais antiga, por volta do século X. Neste período, a tribo Meknassa atraída pelo solo fértil e a água abundante. Eles se estabeleceram nas margens do rio Qued e fundaram Meknassa Zeitouna e Meknassa Taza. No século XI foi conquistada pelos Almorávidas e se transformou em um posto militar, antes da expansão da dinastia Almóada, no século XII, mas tarde sob o reinado dos Merenidas.No final do século XVII, Meknès foi conquistada pelo sultão alaouita Moulay Ismail, e se tornou uma das maiores cidades imperiais do Marrocos. Em 1672 o tirano fez de Meknès a capital do Marrocos, e iniciou uma grande empreitada para dotar a capital de monumentos dignos de uma grande cidade. Seu objetivo era transformar Meknès na Versailles Marroquina.Para garantir que seus planos seriam bem sucedidos, o sultão recrutou um exército de operários, escravos, artesãos, prisioneiros e moradores das vilas próximas para a construção de quilômetros de muralhas e paredes, portões majestosos, arque dutos, mesquitas, palácios e jardins e kasbahs (fortaleza). Indo alem dos limites da razão, Moulay Ismail ordenou a destruição dos monumentos e palácios de Fès e Marrakesh, para que nenhuma cidade o Marrocos fosse mais bela que Meknès.
Entenderam agora a vibração? Tenho certa superstição com
relação a vibrações, exemplo é o Solar dos Airises em Campos dos Goytacazes
(solar onde o senhor era extremamente cruel com seus escravos), toda vez que
passo por ali sinto um arrepio no corpo. A história de um povo fica retida pelas
paredes, o bem e o mal conflitam nas muralhas de Meknès...
DENSO e TENSO!
Mas amei circular por Meknès, é uma cidade que vale muito
conhecer! Sentimos o Saara bem próximo, o vento quente tem areia... Percebemos
que estávamos às portas do maior deserto do mundo.
Por falar em portas... Como é entrar na maior Medina do
mundo?
Na próxima postagem te respondo isso...
Até Fès!
Ahhhhhh, a correria não está deixando eu vir aqui mais vezes... Mas quando venho, impossível de não devorar tudo que você escreve... Adoro, cada vez mais e mais... Eu quero viajarrrrrrrrrrrrr!!!
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